domingo, 23 de outubro de 2011

Tô ficando velho!

O DESAFIO 4 foi bem legal. Tivemos que continuar o texto “Tipo Assim”, de Kledir Ramil.
O que estiver em itálico é o texto original. O restante foi o que eu escrevi.
Aprendendo com a De Menor

     Tô ficando velho! Um dia desses, às 2h da manhã, peguei o carro e fui buscar minha filha adolescente na saída do show do Charlie Brown Jr. Ela e as amigas estavam eufóricas e eu ali, meio dormindo, meio de pijama, tentei entrar na conversa. “E aí, o show foi legal?” 
     A resposta veio de uma mais exaltada do banco de trás:
 Cara! Tipo assim, f*!
     E a outra emendou:
 Tipo f* mesmo!
     Fiquei tipo assim calado o resto do percurso, cumprindo minha função de motorista.

   No dia seguinte, as meninas estavam sentadas à mesa do café da manhã porque tinham dormido lá em casa. Minha esposa conversava com elas como se tivesse a mesma idade. Mais uma vez me senti deslocado. 
     Mais tarde, sentado em meu escritório, não conseguia me concentrar no trabalho. Sou um escritor renomado, não conseguia aceitar que a idade já estava chegando e eu não passava de um coroa, cheio de rugas e fora de forma. Fiquei angústiado. Pensei em mudar, ouvir rock in roll, encher a cara, puxar um baseado, sair com umas prostitutas, mas ainda bem que me dei conta do quão ridículo eu ficaria dando uma de rebelde aos 45 anos. 
     Meus pensamentos foram interrompidos quando minha filha entrou no escritório. 
 O que aconteceu com você, pai? Ficou calado durante todo o café-da-manhã. 
 Ah, minha filha! Olha pra mim. Você acha que eu tô velho? 
     A danada não fez cerimônia e deu uma gargalhada. Quando percebeu que eu não estava brincando mudou o tom de voz e me disse como se fosse a pessoa mais adulta da casa. 
 Pai, você não tem mais lá os seus 18 anos, né? Mas não fica bolado não. Quando eu tiver a sua idade quero ser responsável, mas brincalhão quem nem você. E essa coisa de idade é muito relativa. A velhice não tá no corpo, tá na cabeça. Eu te amo. 
     E foi assim que a pirralha conseguiu aumentar minha autoestima de novo e ainda coloquei esse diálogo no livro que estou escrevendo.



    Minha história parece que não fez muito sucesso. A professora disse que meu personagem deveria ser mais coerente. Ela me fez a seguinte pergunta: "Como uma pessoa tão centrada, com família, filha adolescente, escritor renomado iria cogitar sair com prostitutas e se drogar só porque, num determinado momento, se achou velho?"
     Bem, calma aí! O cara não fez nada disso. Foi só um pensamento que lhe ocorreu. Quem nunca fantasiou fazer uma loucura em algum momento da vida? Mesmo por motivo bobo... E nem precisa ser esse tipo de loucura... "ouvir rock in roll, encher a cara, puxar um baseado, sair com umas prostitutas". Basta, sei lá, sentir vontade de sair correndo nu por aí.

Dica: No blog da turma você pode encontrar outros textos de colegas de turma sobre esse mesmo tema. É só acessar a nossa Oficina Ler e Ver.

Gostou? Não Gostou? Fique à vontade para comentar!

Beijos,
Jεεh Talarico.

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